Feedback: O que não lhe é dito

Começando por considerar essa prática como válida, importante e necessária. Não a toa esse tema é abordado de forma intensa em escolas de gestão, em reuniões corporativas, grupos de executivos e por ai vai.

Sim, feedback é um instrumento poderoso que permite (ou pode permitir) uma conexão mais verdadeira com o interlocutor, dando espaço para uma relação verdadeira e legítima.

Entretanto………na prática a teoria é outra. Feedback, penso eu, demanda de um preparo anterior de ambos os participantes, afinal como será que entendemos o feedback, qual sua aplicação, objetivo e principalmente intenção? Como está o cenário quando ele é feito, quais são as estruturas que estão baseando e amparando o dia a dia, que resultam no objeto daquele feedback?

Em outras palavras, há uma possibilidade de que o foco do feedback apresente algumas dessas características e princípios, nem sempre percebidos ou considerados:

  1. Feedback sempre que algo não está bom; E somente quando não está bom. Relaciona-se e firma-se como um apontamento de algo ruim, desagradável e, portanto, não desejoso;
  2. Meu repertório se apresenta como fonte de julgamento. Em que momento isso potencializa e dá sentido ao feedback? Esse meu repertório pode ser sim merecedor de revisão, de um feedback;
  3. O quanto estou preparado para receber um feedback? Ou faço uso do meu poder corporativo para apenas dar, e receber somente dos “níveis superiores?”
  4. A intenção: Ela normalmente não é manifestada de forma aberta, mas está sempre lá. Eu a conheço? Ela justificará a conduta que pretendo adotar?
  5. Qual o feedback que busco sobre meu feedback?
  6. Qual ou quais são as respostas comportamentais ou práticas que tenho obtido por conta de minhas intervenções?
  7. Existem “pessoas e pessoas?” Há diferenciação na forma, na conduta, na expectativa, ou adoto uma linearidade e isonomia?
  8. O quanto sou afetado pelo tema ao qual proponho o feedback, e isso acaba por influenciar a conversa?
  9. Aliás, eu vejo valor nessa prática, ou faço porque “preciso fazer?”
  10. E se eu for a causa raiz do problema?
  11. E se for o ambiente organizacional a raiz do problema?
  12. Enquanto líder, qual o meu lugar na fila do pão? 😊

O que pretendo dizer com essas provocações é que entendo que estamos diante de uma prática (alguns chamam de ferramenta…não gosto) que tem um enorme potencial, e que demanda sim de flexibilidade cognitiva, resiliência, efetiva vontade de estar aberto mesmo àquilo que não nos agrada, lançar mão de conceitos ou pré-conceitos já cristalizados, aprender continuamente e sobretudo ampliar o autoconhecimento.

Feedback é mais sobre você do que sobre o outro.

Obrigado pela leitura!

Veja mais em: https://robertocarvalho.net/lideranca-e-autoconhecimento-tudo-comeca-por-voce%EF%BF%BC/

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