Precisamos rever nossos heróis, urgentemente.

Recentemente li um artigo de um especialista em negócios, que contava a história de uma empresa que nasceu super pequena, muito humilde, e que ao longo do tempo se tornou uma gigante, uma das maiores em seu setor.

História antiga e clássica, nada de excepcional. Eu poderia aqui estar falando da Amazon, Google e tantas outras, visto que esse modelo utilizado cabe em todas essas histórias.

Pois bem. Saindo da obviedade do texto que li, achei importante ligar seu conteúdo e seu propósito com algo que considero um pouco mais importante e relevante, afinal, como definimos sucesso? Como definimos e escolhemos nossos “heróis”, nossas referências ? Aqueles que nos servem como exemplo de superação, de garras e batalhas vencidas e que nos impulsionam a nunca desistirmos?

Pela sugestão do texto – comum, como disse – a linha é óbvia: Essa empresa saiu do “zero” e hoje fatura milhões. Pronto. Indiscutíveis números nos proíbem de fazer reflexões a respeito.

Em tempos de conscientização, de gestão humanizada, dos conceitos de ESG, somos obrigados a ampliar nossa visão, e entender que nem tudo se resume a aumento de faturamento. Há vários outros elementos que impactam e que são sim relevantes ao contexto e que, portanto, precisam ser considerados.

Voce com certeza não vai discordar de mim quando eu afirmo que Hitler foi um grande líder, e que teve sucesso em sua empreitada por um longo período. São números e dados que confirmam isso. Mas com certeza você não o convidaria para jantar em sua casa (assim espero). E por quê? Porque existem questões por detrás desse “sucesso” que fazem com que suas conquistas sejam hoje merecedoras das mais duras (e coerentes) críticas, aversões e repulsas. O código moral revelado e percebido ao longo dos tempos fez com que a humanidade cristalizasse uma visão quase que unânime sobre esse indivíduo.

Mas……ele foi um “sucesso”. Até o Papa o reverenciou, lembre-se.

O ponto central desse meu humilde artigo é de chamar a atenção para a nossa responsabilidade na eleição de nossos líderes. Esse ato denuncia muito mais a nosso respeito do que dele. Se estamos à frente de organizações como líderes, precisamos assumir o protagonismo e um papel responsável no que diz respeito também à sociedade. Lembre-se: as empresas têm razão SOCIAL, e isso não é uma mera expressão. Empresas atuam e impactam as sociedades, e as comunidades com as quais interagem. Modificam um cenário, geram empregos, geram a possibilidade de crescimento a todos. Ou, no sentido inverso, destroem essa mesma comunidade.

ESG faz referência a meio ambiente, social e governança, e cada um desses pilares acomoda uma longa lista de características e posicionamentos que fundamentam uma empresa alinhada com as expectativas do mundo, por assim dizer. É algo que vai muito além do aumento dom faturamento, visto que esse indicador é básico e inerente ao modelo capitalista no qual vivemos, portanto é a constante da equação. O que se discute agora é o como se chega nele. E eis a questão que mais me incomodou nesse caso. O autor aparentemente não considerou esse ponto como relevante, o que me preocupa. Ou, mostra-se desinformado, o que também me preocupa, especialmente para quem é midiático e acompanhado por muitas pessoas. É alguém influente, portanto.

Responsabilidade. Ela bate à nossa porta cada vez mais, e precisamos sim ter uma visão, compreensão e consequente posicionamento sobre a relação causa e efeito que a pura existência e operação de nossas empresas geram. Não basta mais o lucro pelo lucro.

Em tempo: A empresa que serviu como exemplo no artigo é uma das grandes do varejo, e seu fundador e filho são acusados de aliciamento e estupro de mulheres, entre outras atrocidades.

Mas estão ricos.

Obrigado pela leitura!

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