Os modernos modelos de gestão pedem e impulsionam ambientes em que a performance do indivíduo e do grupo seja maximizada constantemente, visto que são entendidos como um atributo de competitividade, e em alguns casos de sobrevivência, especialmente desde a revolução industrial.
Para que algo seja considerado perfeito, é preciso haver um parâmetro para comparação. Mesmo as grandes obras de arte, justamente consideradas como perfeitas, como no caso de Michelângelo, Da Vinci, etc, são assim consideradas por haver parâmetros na época, e em alguns casos pelo seu ineditismo, situação na qual o parâmetro passa a ser justamente a inexistência de algo igual. Vamos usar a arte como exemplo:
Michelângelo, pintor, escultor, poeta, anatomista e arquiteto (1475 – 1564) foi pioneiro em sua época. Leonardo Da Vinci (1452 – 1519) que foi “apenas” um cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico foi seu contemporâneo. Ambos são notórios até hoje. E porque? Suas obras espelham concretizações de extrema complexidade, são absolutamente impressionantes por seu simbolismo e “atrevimento” para a época, inclusive pelas técnicas empregadas, com alguns detalhes absolutamente inovadores.
E quem atribui o mérito de perfeito? O público, seja ele formado por críticos de arte, seja formado por pessoas ignorantes no tema, como eu. Voce olha e fica abismado com o que vê, e pensa como aquilo foi possível há mais de 500 anos.
Pois bem. Depois das revoluções da humanidade, em especial a industrial, começamos a ter uma visão de produção em larga escala. (Quantas capelas sistinas ou Mona Lisa você conhece?) e com isso a criatividade foi sendo reconfigurada, de maneira que ainda que continue sendo necessária, tem como foco atender a outras demandas, a de mercado. Nos dias atuais, fazer mais com menos é um mantra. Aumentar a performance é cada vez mais perseguido, para que a competitividade e permanência no mercado sejam possíveis. Mas como lidar com esta constante mutação, estando sempre sob a constante análise de indicadores e de modelos de gestão cada vez mais exigentes?
Penso que existem algumas variáveis importantes a serem consideradas. Vou apontar cinco:
- A cultura organizacional: O que para aquela empresa tem de fato valor? Se voce não sabe, possivelmente haja uma brecha na gestão, que não está te aproximando da Missão, Visão e valores da organização. Além de é claro, haver os valores estabelecidos no âmbito dos indivíduos (seu chefe, por exemplo).
- O ineditismo, a inovação: Fazer algo que nunca foi feito, seja no processo ou no produto final é sem dúvida um grande marco, desde que você garanta a atribuição de valor, a absorção pelo mercado. Caso contrário, é mais uma invenção que poderá morrer na gaveta.
- Protagonismo: Assumir o controle de suas ações e iniciativas, procurar estabelecer você mesmo a sua régua de exigência, buscando atender e observar o item 1 acima;
- Visão crítica: Da mesma forma que as obras dos artistas acima, que deram o seu recado à época, qual o legado você pretende deixar com a sua obra?
- Inteligência emocional: Ainda que eu tenha restrições as eventuais abordagens deterministas, elementos comportamentais tomam maior relevância dentro das organizações. São observadas e consideradas como elementos fundamentais para uma liderança. Observe que muitas tarefas já foram automatizadas. A eficiência vem sendo garantida pela tecnologia, mas a eficácia ainda depende de nossa habilidade de criticar, pensar, analisar, propor e principalmente de interagir com o ser humano, começando por você.
Se você almeja a perfeição, mantenha sempre em mente de que ela é atribuída pelo mundo lá fora, não por você. Assim, continue seu caminho com o aprendizado contínuo, incluindo em seu menu não apenas novos métodos, ferramentas, tecnologias e processos, como também as habilidades sócio emocionais, pois assim como na época de Da Vinci e Michelângelo, continuam sendo primordiais e essenciais nos dias de hoje.
O perfeccionismo, assim compreendido, pode ser de grande ajuda em sua carreira.
Obrigado pela leitura!
