Olá,
Não é de hoje que os modismos nos acompanham. Sempre temos uma abordagem que acaba virando um “meme” (Para usarmos uma linguagem mais atual). Talvez uma das bolas da vez seja o tal do propósito, e sobre isso eu gostaria de dar meus pitacos:
Diante desses poucos pressupostos, penso que o “alinhamento de propósitos” tal qual vem sendo divulgado deve levar em consideração o conjunto de características e circunstâncias tanto do indivíduo quanto da organização (focando aqui nos ambientes corporativos). Quando propomos um alinhamento de propósito seu com o de uma empresa, a coisa fica mais complexa, e é óbvio que SE a empresa souber qual o seu propósito, tudo fica menos difícil. Mas será que sabem?
- Acredito que sempre que fazemos algo que nos traga contentamento, satisfação e realização (pessoal, profissional, ou ambos) temos uma conexão entre a atividade e nosso conjunto de valores, de expectativas, ambições e credos;
- Talvez de forma similar ao que a pirâmide de Maslow tratou (e ainda trata) as necessidades humanas, o alinhamento de propósito deva também ser considerado dentro desta perspectiva;
- Sim, somos na grande parte do tempo responsáveis por chegarmos a um equilíbrio entre ação e emoção, entre as tarefas que realizamos e o prazer que ele nos dá.
Na linha dos modismos, posso apostar que boa parte dos leitores aqui já se defrontou com quadros em recepções das empresas, alardeando suas missões, visões e valores. Agora vamos ser honestos: Quanto voce seria capaz de apostar de que aquilo que voce leu era DE FATO praticado por elas? Vou além: Acredito que poucas, pouquíssimas, voltaram ao tema para de certa forma “revisá-los” ou “atualizá-los”, já que o dinamismo do cotidiano impõe a todos sempre uma nova conceituação.
Da mesma forma que Maslow defende que o ser humano tem suas necessidades escalonadas em função de seu momento, porque não compreender que isto também se aplica ao propósito? Veja: Como manter um diálogo desta natureza com aquele(s) que está(ão) com suas necessidades essenciais em risco? Qual voce acha que seja seu propósito? Como ele poderia, de alguma maneira estabelecer esta conexão com a empresa na qual trabalha? Seguramente ambos vivem em situações e momentos distintos, sendo quase impossível este alinhamento, nesta circunstância.
Em meu último artigo, questionei sobre a felicidade obrigatória nas organizações, e boa parte do que aponto ali pode ser de certa forma compreendido e considerado neste artigo também.
Ter clareza de seu propósito é algo profundo, desafiador, instigante e muito gratificante. Sim, é claro que é possível! Fico com a dúvida de como as empresas lidam com uma divergência substancial dos propósitos apresentados pela maioria de seus colaboradores. Ela os afasta, abandona o processo, tenta “convertê-los” ou ela mesma tenta se reinventar?
Seja qual for o caminho sugerido pela percepção única de cada organização, invariavelmente cairemos no mesmo desafio da descoberta, de reflexão e de externarmos quais são os elementos que fundamental nosso bem viver, nossa alegria em levantarmos cedo da cama todos os dias. Talvez o ponto crucial não seja na definição em si do propósito, mas sim neste caminho, no desvendar das cortinas, no amparo e construção coletivo deste conceito.
Quadro na parede junta pó, e a gente pode acabar enjoando dele logo.
Obrigado por sua leitura !
Abraços,