No cenário corporativo a palavra “líder” frequentemente faz referência a uma única (ou poucas) cadeira em uma sala de reuniões, ou àqueles que de certa forma detém o poder, seja pelo acúmulo de conhecimento técnico e prático, seja pelo tempo de casa, ou até mesmo por sua filiação dentro da estrutura das empresas.
Proponho um outro olhar, e assim reavaliarmos o sobrepeso dado à posição tradicional de liderança. A estrutura organizacional que vigora há décadas, com sua pirâmide hierárquica bem definida, já não responde adequadamente aos desafios e às necessidades dos tempos modernos, onde a autonomia e a liderança distribuída ganham cada vez mais espaço.
A realidade vem nos mostrando um ambiente de trabalho que evolui rapidamente, onde a inovação e a adaptabilidade são chaves para o sucesso, a ideia de que a liderança está confinada ao topo da hierarquia corporativa é não apenas obsoleta, mas também prejudicial. Limitar o potencial de liderança a uma pequena porção de colaboradores é ignorar um vasto reservatório de talento, criatividade e motivação que pode ser encontrado em todos os níveis da organização.
A liderança tradicional, muitas vezes, foca na gestão de topo para baixo, onde as decisões são centralizadas e as ordens, descendentes. No entanto, ao promover uma cultura de liderança compartilhada, onde cada membro da equipe é encorajado a assumir responsabilidade e a exercer suas próprias competências de liderança, as organizações podem se beneficiar de uma multiplicidade de perspectivas e habilidades.
A autonomia vem de mãos dadas com a responsabilidade. Quando a liderança é democratizada, os colaboradores sentem-se mais comprometidos com os resultados da empresa, pois veem a si mesmos como parte integrante e essencial do processo de tomada de decisões. Eles se tornam co-criadores do sucesso da organização, ao invés de meros executores de ordens.
Além disso, a liderança distribuída fomenta a inovação. A diversidade de ideias e a liberdade de experimentar sem o medo de represálias por falhas calculadas são essenciais para a inovação. Equipes onde o protagonismo é estimulado e valorizado tendem a ser mais ágeis e mais aptas a responder às mudanças do mercado e às demandas dos clientes.
Em tempo: Liderança distribuída não significa a ausência de estrutura. Pelo contrário, ela requer uma estrutura que suporte e facilite a colaboração, a comunicação e a tomada de decisões compartilhada. Requer atores que possam atuar como mentores, que saibam delegar e que confiem nas capacidades de suas equipes.
Portanto, liderança não é um título ou uma posição, mas uma ação e uma escolha. Líderes podem ser encontrados em todos os níveis da organização e em todas as funções.
Precisamos de um novo paradigma, onde “Líder Somos Todos Nós” seja norma. Uma norma que reconhece o potencial de cada indivíduo e que constrói estruturas organizacionais capazes de apoiar e desenvolver este potencial para o bem maior da empresa e de seus stakeholders.
Voce pode estar pensando que essa abordagem não faça sentido, e eu respeito sua visão. Ela demanda por uma desconstrução daquilo que vivemos e aprendemos nas escolas e nas empresas.
O mundo muda a cada momento. Nossa hora de embarcarmos nessa mudança, como protagonistas, chegou.
Veja mais em https://robertocarvalho.net/lideranca-autopoiese-e-o-longlife-learning/ e em https://robertocarvalho.net/desafios-da-gestao-e-lideranca/