Inovação é algo que muita gente quer, mas muitos não definiram claramente o que, como e principalmente porque querem inovar. Apenas querem, e em muitas ocasiões confundem inovação com invenção, ou com formas diferentes de se fazer a mesma coisa.
Inovação tem muito a ver com a jornada, com o processo de mudança, e que portanto envolve e engloba diferentes atores do ecossistema.
Inovação pede por criatividade, ou pela possibilidade de ela existir dentro da empresa, uma vez que é necessário haver espaço para que o erro surja e que sirva como elemento de aprendizado. Se a cultura organizacional não acomoda essa possibilidade, nenhuma derivação criativa e portanto inovadora poderá surgir espontaneamente.
Julgamentos, insegurança psicológica, rejeições e desconforto são sentimentos humanos muito presentes em ambientes hostis a inovação. Sem nos darmos conta, tolhemos algo que desejamos, e muito em decorrência de nossa comunicação superficial, rasa e de curto prazo que estabelecemos conosco e com nosso time. Não nos preocupamos em efetivamente olhar ao redor e perceber o que acontece – ou o que não acontece – pois turvamos nosso olhar com nosso repertório de “certezas”, e de valores (morais, religiosos, culturais, etc) que acabam por definir como lidamos com a possibilidade de sairmos da zona de conforto, já que essa saída é inevitável. Paradoxalmente, desejamos a mudança, desde que não nos comprometa, não nos custe nada.
Nessa esteira, temas como ESG podem parecer modismos ou como algo que não trará nenhum benefício ao resultado da empresa (geralmente sempre apontado no EBITDA), entretanto ESG acomoda diversos temas, incluindo a segurança psicológica, que não se dá por explosão espontânea, e sim pela adoção de um conjunto de práticas que fundamentem e sedimentem um novo conjunto de valores que emerja da coletividade da organização, e que facilite sua adesão as constantes mudanças as quais todos estamos sujeitos.
E a questão aqui não é de qual mudança estamos falando, mas sim de um contexto em que várias mudanças aconteçam a todo tempo, portanto mais do que ser reativo, demanda-se pela pro atividade e novamente a inovação se faz presente. Aqueles que estão me dando a honra de sua leitura, e que chegaram até este ponto, podem estar pensando de que ainda assim o tema não lhes afeta, e novamente convido-o a refletir sobre qual a razão de existência de uma empresa. Não, não é gerar riqueza. É criar possibilidades de evolução de uma sociedade. Dinheiro é obviamente necessário e importante, mas é uma consequência natural.
Nas mentorias executivas que ofereço, vejo que a criação de políticas corporativas que acomodem aspectos comportamentais vem sendo discutida exaustivamente. Não temos com clareza, em sua totalidade, quais são os limites de se ajustar um novo código de conduta versus um cerceamento de liberdade de expressão, e mesmo para isso, para esse debate, é preciso flexibilização, clareza e muita transparência em nossa comunicação.
Eu poderia ficar aqui horas escrevendo sobre isso, mas paro por aqui com essa humilde reflexão. Caso desejem conhecer outras abordagens minhas sobre temas relativos, visite:
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