Em um mundo onde a primeira impressão é frequentemente a que fica, a estética e a veracidade emergem como dois pilares centrais nas relações humanas. A dicotomia entre aparência e realidade é um tema recorrente em nossa sociedade, levantando a questão: o que realmente valorizamos mais?
A estética, com sua capacidade de influenciar percepções e sentimentos instantaneamente, muitas vezes toma a dianteira nas interações iniciais. Nos ancoramos na estética por uma variedade de razões, algumas das quais são profundamente enraizadas em nossas estruturas psicológicas e sociais. A aparência pode atuar como um atalho cognitivo, onde o belo é inconscientemente associado ao bom, ao verdadeiro e ao confiável. Isso é evidenciado nas maneiras pelas quais respondemos mais positivamente a estímulos esteticamente agradáveis, um fenômeno que pode ser visto desde as interações cotidianas até nas plataformas de mídia social.
No entanto, quando se trata de estabelecer e manter relacionamentos duradouros e significativos, a veracidade se torna o alicerce. Relações genuínas são construídas sobre a transparência e a autenticidade, e embora a estética possa atrair, é a verdade que sustenta e nutre. Desenvolver um campo de força social onde a honestidade prevalece pode ser desafiador, mas é essencial para a criação de um espaço seguro e confiável para a interação humana.
Tomando inspiração de um pioneiro na psicologia social, podemos entender que os grupos são mais do que a soma de suas partes e que o comportamento é uma dinâmica complexa entre o indivíduo e o ambiente. Nesse contexto, a estética pode ser vista como uma dimensão do ‘campo’ que impacta o comportamento, mas a veracidade é o que direciona a mudança e o desenvolvimento do grupo de maneira sustentável.
É importante reconhecer que a estética não é inerentemente negativa. Pode ser uma expressão de identidade e valores pessoais e, quando alinhada com a veracidade, pode reforçar a autenticidade nas relações. A chave é buscar um equilíbrio onde a estética não mascare a verdade, mas sim complemente-a, permitindo que as relações humanas floresçam em sua forma mais pura e significativa.
Em última análise, o que vale mais é uma questão de perspectiva e contexto. Em um encontro casual, a estética pode dominar, mas nas relações que moldam nossas vidas e carreiras, a veracidade tem um valor inestimável. Ao nos ancorarmos na estética, devemos estar cientes de seu poder e suas limitações. Devemos aspirar a criar ambientes onde a beleza da forma encontre a profundidade da verdade, e onde as relações humanas possam se desenvolver em toda a sua complexidade e riqueza.
O desafio para nós, como indivíduos e como profissionais, é cultivar uma consciência que valorize tanto a estética quanto a veracidade, reconhecendo que ambas desempenham papéis vitais na tapeçaria das nossas interações. Ao fazermos isso, podemos desfrutar da beleza das relações humanas em sua forma mais autêntica e duradoura.
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