Dores da liderança II: Liderança e cultura organizacional.

 

Até onde seu braço alcança?

Um fenômeno me chama a atenção nesses últimos tempos, que é a carga de responsabilidade que tem sido imposta aos líderes. Vamos com calma.

Primeiro ponto é a contextualização da liderança. Ainda que tenhamos acesso a uma série de “mandamentos” ou práticas dela, é preciso considerar o contexto no qual o indivíduo está inserido.

Ele pode:

  1. Ser de fato um líder nato e ter espaço para seu exercício;
  2. “Estar” líder, mas não ser de fato;
  3. Não estar líder, mas exercer a liderança de forma natural;
  4. Ser líder mas não ter autonomia, poder e/ou autoridade;

(poder é a capacidade de obrigar, por causa de sua posição ou força, os outros a obedecerem à sua vontade, mesmo que eles preferissem não fazê-lo. Autoridade é a habilidade de levar os outros, de boa vontade, a fazerem sua vontade)

5. Ser um líder operacional: Aquele que “deve” cumprir com o que lhe for atribuído, normalmente muito conectado as tarefas, ao operacional. Deve apresentar resultados de curto prazo;

Provavelmente exista mais um sem número de possibilidades e combinações. O fato é que em todos esses cenários a cultura organizacional envolve a todos, sempre. Liderar sem ter acesso a cultura, sem poder criticá-la e mesmo propor alterações dificulta em muito a liderança. O organograma vigente é outro detalhe importante nessa visão, pois ela caracteriza de certa forma as linhas de poder da organização.

Não é raro deparar-me com líderes que contestam a cultura da empresa (em off, a maioria), e se debatem fortemente para alcançar os objetivos definidos, sem que tenham a firmeza e suporte necessário para tal. Afinal, é ele quem está na linha de frente, seja com o cliente, seja com sua população interna, e é ai que residem as consequências das diretrizes estratégicas.

Há, portanto, uma sutil diferença entre nomenclaturas de cargos e a prática efetiva que acontece nas empresas. Pelo movimento que temos assistido no mercado, cada vez jovens vem assumindo cargos e postos de liderança, sem ter necessariamente um histórico que os apoie, o que seguramente se configura em um novo e talvez ainda maior desafio.

Liderar supõe lidar com pessoas, o que em meu entendimento seja o grande diferencial, que apresenta a maior demanda nas mentorias das quais participo. E não é à toa. Lidar com gente é muito mais complexo do que imaginamos, e ainda não compreendemos como exatamente funcionamos (ainda bem), e neste sentido é imprescindível que a liderança de fato esteja aberta para proporcionar ao seu quadro de líderes substância e suporte contínuos para um movimento concatenado e cadenciado das mudanças que se fazem continuamente necessárias.

E para isso, é preciso por parte deles abertura, envolvimento, mudança de posicionamento, paradigmas e postura. Caso contrário, o que estamos chamando comumente de líderes, serão em sua grande maioria profissionais frustrados com suas experiências, e sem terem tido a oportunidade de implementar e aprender novos caminhos.

Em suma: Não podemos falar de liderança sem pôr em pauta a cultura da organização, pois é ela o elemento limítrofe para os avanços dentro das organizações.

Obrigado pela leitura!

Leia mais em:  https://robertocarvalho.net/porque-devemos-cuidar-e-muito-da-cultura-organizacional/

Este post tem um comentário

Deixe um comentário