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Mais frequente do que se imagina, a coesão entre sócios é, sempre foi, e provavelmente sempre será, um pilar fundamental para o sucesso e a sustentabilidade dos negócios. No entanto, diferenças de visão, ego, sensação de poder, estratégias divergentes e conflitos de interesse podem levar a confrontos constantes entre sócios, gerando um ambiente de trabalho tenso e prejudicando o desempenho da empresa.
Trago aqui alguns insights baseados em experiências anteriores com este tema. Veremos alguns impactos negativos desses confrontos e vamos explorar alguns caminhos possíveis para contornar a situação.
Impactos negativos
- Deterioração do clima organizacional
Natural considerar que confrontos constantes entre sócios podem criar um ambiente de trabalho hostil, afetando a moral da equipe e reduzindo a produtividade. A tensão se espalha por toda a organização, levando a uma queda no engajamento e na satisfação dos colaboradores. Isso custa dinheiro, inclusive.
- Prejuízo à tomada de decisão
A falta de alinhamento entre sócios pode resultar em paralisia decisória, onde decisões críticas para o futuro da empresa são adiadas ou tomadas sem o devido consenso. Isso prejudicará a capacidade da empresa de responder rapidamente a oportunidades de mercado ou ameaças competitivas, além de comprometer o engajamento do time.
- Dano à imagem e à reputação da empresa
É um engano acreditar que os confrontos entre sócios, fiquem limitados ao ambiente interno da Empresa. Todo mercado percebe, de uma forma ou de outra, que as coisas não estão bem, que já não se fala o mesmo idioma na Empresa, e isso vai aos poucos minando a reputação da empresa, algo difícil de conquistar, e muito fácil de se perder. Mais difícil ainda é reconquistar…
Stakeholders, incluindo clientes, fornecedores e investidores, podem perder a confiança na gestão da empresa, afetando negativamente as relações comerciais e a atração de novos investimentos.
Sua marca empregadora também sofrerá com isso. Sites como o glassdoor são fontes constantes de pesquisa dos bons profissionais. Ali encontra-se tudo e um pouco mais sobre sua empresa, e provavelmente aquilo que voce luta tanto para esconder…
Na grande maioria dos casos, as empresas não calculam o custo de turnover. Em média, a empresa gasta entre 6 a 9 meses até que o profissional consiga performar. Em empresas com turnover alto, esse custo (invisível) impacta sobremaneira seu caixa, seu valuation, e sua reputação. Fato.
- Riscos jurídicos e financeiros
Disputas prolongadas entre sócios podem levar a litígios, acarretando custos legais significativos e distraindo a gestão de suas responsabilidades principais. Além disso, a instabilidade gerada pode afetar o valor da empresa e sua capacidade de gerar fluxo de caixa.
(Alguns) Caminhos para contornar a situação
- Comunicação efetiva
Uma comunicação aberta e honesta é essencial para a resolução de conflitos. Os sócios devem se esforçar para ouvir ativamente e entender as perspectivas uns dos outros, buscando soluções que atendam aos interesses da empresa e de todas as partes envolvidas. Nesse momento, o mais importante (e talvez o mais difícil) é pensar na empresa. A responsabilidade é enorme, quando se pensa que qualquer decisão a ser tomada irá impactar nas famílias que direta ou indiretamente dependem de seus trabalhos. Clareza, honestidade e abertura são essenciais.
- Mediação e consultoria externa
Quando os conflitos se tornam recorrentes e difíceis de resolver internamente, a busca por mediação ou consultoria externa pode ser uma estratégia eficaz. Profissionais especializados em resolução de conflitos podem oferecer uma perspectiva neutra e ajudar a encontrar soluções construtivas.
- Profissionalizar
Ter um CEO pode ser um caminho. Alguém que não esteja “contaminado” pelo ambiente da empresa poderá pôr em prática aquilo que for necessário para que a empresa volte a crescer e a seguir seu caminho.
Este CEO não será o porta-voz de “A” ou “B”, portanto deverá ter, desde o início, liberdade para atuar. Seu papel e abrangência devem ser acordados antes mesmo de sua efetivação.
- Planejamento de saída
Para casos em que os confrontos se mostram insolúveis e prejudicam significativamente a empresa, pode ser necessário considerar o planejamento de saída para um ou mais sócios. Embora essa seja uma medida extrema, ela pode ser a melhor solução para preservar o valor e a continuidade da empresa.
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