Tenho poucas certezas na vida, mas talvez uma que seria capaz de apostar seria na revolução que a Inteligência Artificial (IA) promete causar na maneira como ensinamos e aprendemos.
Aqui me atrevo a explorar como essas mudanças que a IA trará para a educação irão impactar o futuro dos professores, das escolas e na personalização do aprendizado.
Em meio à atual efervescência tecnológica da, a inteligência artificial (IA) emerge não mais como um prenúncio futurista, mas como uma força transformadora presente. Dentre os diversos setores impactados, a educação se mostra um campo fértil para a disrupção e reinvenção, talvez impulsionada pela sua tradicionalidade e conservadorismo. Essas estruturas se veem desafiadas a se adaptar a uma nova realidade, onde a personalização e a individualização do aprendizado se tornam não apenas um ideal, mas uma necessidade.
Uma nova sala de aula
Talvez você que me lê agora tenha em mente como era o lay out de sua classe “antigamente”. Frutos da revolução industrial, o modelo educacional prestou-se a ser grande aliado no desenvolvimento de trabalhadores capazes de atender ao momento econômico, cobrindo o vácuo existente entre demanda e oferta de mão de obra, mas para além desse aspecto, também refletia o conjunto de valores da época, bem mais estruturada e rígida em (quase) todos os aspectos. Senhoras e senhores, esqueçam as fileiras de carteiras e o ensino padronizado.
A IA tem o potencial de criar um ambiente de aprendizado dinâmico e personalizado. Imagine um futuro (muito próximo) onde plataformas inteligentes identificam as necessidades individuais de cada aluno, adaptando o conteúdo, ritmo e método de ensino em tempo real. Plataformas em que o aluno interage com o objeto de estudo, tem ao seu lado seu professor para elucidar dúvidas “personalizadas”, que possa acessar à partir do objeto novas e distintas fontes de informação, independentemente de localização, idioma, fuso horário e tudo mais. Tudo isso será possível, e a custos bem razoáveis em um curto espaço de tempo, apostaria eu.
Se você, nesse momento, está se opondo ao que escrevi até aqui, tudo bem. Eu compreendo. Há várias lacunas a serem superadas, em especial em um País onde a educação está longe, muito longe de ser uma prioridade. Ainda temos grande deficiência no corpo diretivo, docente, acadêmico. Mas isso não invalida as perspectivas que trago aqui.
As plataformas de tutoria virtual, por exemplo, já oferecem suporte personalizado 24 horas por dia, suprindo lacunas de aprendizado de forma individualizada. Como exemplo, temos:
Khan Academy: Uma plataforma gratuita que oferece uma vasta gama de cursos em vídeo e exercícios interativos em diversas disciplinas, do ensino fundamental ao nível universitário.
Chegg: Uma plataforma paga que oferece uma variedade de recursos educacionais, incluindo tutoria ao vivo 24 horas por dia, 7 dias por semana, ajuda com trabalhos de casa e aluguel de livros didáticos
Professores, agora mentores
Diante dessa realidade, qual o papel do professor? Seria este o fim do túnel? A menos que se volte as costas para a tecnologia, em especial a IA, longe disso.
A ascensão da IA na educação não visa substituir, mas sim “empoderar” o educador (e em certa medida, o estudante e a escola em si). Ao automatizar tarefas repetitivas, como correção de provas e planejamento de aulas, a IA libera o professor para focar no que realmente importa: o desenvolvimento humano. O professor do futuro atuará como um mentor, um guia que inspira, estimula o pensamento crítico e nutre a paixão pelo conhecimento.
As escolas do amanhã:
As implicações da IA transcendem os muros da sala de aula e impactam a própria estrutura das escolas. A personalização do ensino demanda um redesenho dos espaços físicos, priorizando a colaboração, a criatividade e a interação. As escolas do futuro serão (finalmente) hubs de inovação, onde a tecnologia se integra organicamente ao currículo, preparando os alunos para um mundo cada vez mais digital.
Extratos da sociedade até então invisíveis passarão a ter acesso a informação (e à formação) da maneira mais adequada ao seu perfil. Aqui entram as pessoas com dislexia, com transtorno do espectro autista, pessoas com deficiências afins. Todas mantem um histórico de sofrimento em suas jornadas acadêmicas, e isso tem um enorme potencial de não mais existir, pelo menos na frequência e intensidade atual.
Desafios e oportunidades:
Obviamente que a implementação da IA na educação apresenta desafios. Questões éticas relacionadas à privacidade de dados, vieses algorítmicos e o risco de aprofundar desigualdades sociais exigem atenção e soluções eficazes. No entanto, os benefícios da personalização, acessibilidade e aprimoramento do processo de aprendizagem superam os obstáculos.
A transformação já começou. Cabe a nós abraçarmos o potencial da IA e moldarmos, de forma ética e responsável, o futuro da educação, preparando as próximas gerações para um mundo que ainda vai mudar muito.
É preciso começar.
Veja mais em https://robertocarvalho.net/na-era-da-ia-o-valor-esta-na-pergunta-ou-na-resposta/
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