Grupos são constituídos por pessoas que interagem entre si, criando e estabelecendo uma multiplicidade de vínculos dinâmicos, resultando em uma realidade que é por si só uma entidade única. Essa realidade, criada através desses vínculos, tem vida própria e, portanto, crenças e emoções coletivas que lhe são únicas, sobrepondo-se e diferenciando-se à soma das individualidades que a compõe.
Grupos estão sujeitos as mais diversas possibilidades emocionais: Tristeza, angústia, estresse, agressividade, etc podem estar presentes neles, ou ser parte constante de seu funcionamento. Existem literaturas que indicam que a condição emocional do(s) grupo(s) pode impactar fortemente seu desempenho, tanto para cima quanto para baixo, visto que sua essa condição impulsiona ou retrai suas possibilidades, talentos e progressão.
Isto posto, olhar para este universo, o da emocionalidade do grupo (tanto dentro dele(s) quanto entre eles) sugere ser um desafio e uma necessidade premente. Um Coach que tenha vivência e instrumentos para trabalhar neste ambiente grupal é um grande aliado para apoiar os movimentos e lidar com as repercussões que surgirão no decorrer do trabalho.
Esse profissional deve estar atento a toda movimentação possível, mesmo aquelas subliminares ou as “não ditas”, mas não deve ser parte do grupo, para que lhe seja possível ter um olhar ao mesmo tempo distante o suficiente para não fazer parte (e não contaminar) dos vínculos, e próximo o suficiente para poder obervá-lo com a maior riqueza de detalhes e imparcialidade possível, intervindo de forma adequada e com foco no grupo.
Através de uma observação e intervenções em momentos naturais do grupo, o Coach busca facilitar e apoiar a equipe a tomar consciência de onde está emocionalmente e para onde deseja ir. Ele é novamente um facilitador de uma entidade chamada Grupo, que considera todas as variáveis trazidas pelos indivíduos, que por sua vez criam um ambiente próprio.
Bastante possível que as atividades grupais conforme descrito aqui despertem o interesse do participante em olhar para suas questões de forma individual também. Neste caso, é importante que hajam profissionais distintos, que trabalhem em conjunto, para os diferentes atendimentos. O atendimento individual não “se mistura” com o trabalho grupal. Eles se complementam.
Algumas aplicações práticas vem surgindo nesta direção dentro do mundo corporativo: O CSO – Chief Strategic Officer – cujo papel fundamental é mediar do ponto de vista emocional e comportamental as equipes, permitindo e proporcionando um ambiente sinérgico em que os projetos possam se concretizar por intermédio das pessoas, potencializando as relações dentro e entre os grupos envolvidos.
Uma outra vertente que surge são os Programas de Desenvolvimento Emocional (PDE). Um ponto comum e interessante é que ambas iniciativas ora citadas são construídas e conduzidas à partir das questões, características, descobertas e demandas que emergem do grupo, e na medida em que surgem. Lidar com essa diversidade e ineditismo requer um grande esforço e conhecimento de quem está na condução do processo, e é sem dúvida um enorme desafio.
Empresas que tenham promovido o Coaching em Grupo devem ter ciência de que nem todo resultado é previsível, e que boa parte da Empresa (a depender de um conjunto de características) deve participar efetivamente, na mesma condição que todos. Deve estar aberta a colher os resultados sejam quais forem, pois na medida em que dão voz às pessoas, percebem valores e potenciais muitas vezes “escondidos” dentro das relações criadas à partir de outros esquemas, como estrutura de poder, definição vertical de papéis e claro, do imaginário de todos. Este processo atende e beneficia a todos.
Faça e promova o Coaching. Se for em grupo, melhor!!
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