Espero que o termo C.N.V. lhe seja familiar. Se não for, ótimo. Continue a leitura!
C.N.V é o acrônimo de Comunicação Não Violenta, um processo de pesquisa contínua desenvolvido por Marshall Rosenberg que defende o estabelecimento de relações de parceria e cooperação, em que predomina comunicação eficaz e com empatia.
Mostrou-se extremamente útil em momentos de comunicação tensa, em que acordos são firmados à partir de entendimentos e compreensão mútuas. Serviu como base na mediação de conflitos de alguns Países nestas condições. Compreende-se a C.N.V como a forma de observar e ouvir é de extrema relevância, e que pode mudar todo o rumo de uma história. Com ela aprendemos a fazer algumas distinções fundamentais para uma boa conversa:
- Distinção entre
- observações e juízos de valor
- sentimentos e opiniões
- necessidades (ou valores universais) e estratégias
- pedidos e exigências/ameaças
Empresas modernas em sua gestão tem o feed back como prática. Aprenderam que feed back não é aquela oportunidade para “lavar a roupa suja”. É antes, uma chance de os interlocutores aprenderem e se apoiarem mutuamente. É sim a chance de firmar acordos, de desfazer nós de desentendimentos, informações ou orientações não claras, e por ai vai.
A empatia está no pacote da comunicação não violenta. Está presente também em outras metodologias, como o Design Thinking, empregado cada vez mais como um instrumento de desenvolvimento de novos produtos e serviços, sempre à partir da perspectiva do outro, do usuário. Podemos estabelecer este paralelo das duas abordagens, uma vez que ambas promovem e sustentam a comunicação clara, sincera e amorosa, como um dos pilares de sustentação para a solução de problemas (muitas vezes) complexos.
CNV põe em xeque a perspectiva fantasiosa do poder e da superioridade hierárquica. O diretor nem sempre está correto. O gerente nem sempre está errado, e vice-versa. Entendo que esta estrutura histórica da hierarquia fomenta uma relação que de certa forma inibe o protagonismo e a inovação dentro das organizações. É claro que existem inúmeras exceções – e que bom! E são justamente essas exceções que comprovam a eficácia de um ambiente em que as relações humanas são postas no centro das atenções. Se não nos comunicamos, como iremos nos comunicar com o nosso cliente, de forma a realmente ouvir, sentir e pensar como ele?
Penso que o modelo de gestão atual ainda se baseia em Taylor. O taylorismo caracteriza-se pela ênfase nas tarefas, objetivando o aumento da eficiência ao nível operacional. Percebam que ênfase em tarefa não inclui necessariamente a pessoa, e sim aquilo que ela é capaz de produzir, mais e melhor. A lógica da chamada Administração Científica vem sendo acomodada e atendida pela tecnologia moderna, na medida em que mais e mais tarefas são passíveis de automação. Na esteira da história, estamos ainda devendo a mesma evolução quando se trata do elemento humano, tanto dentro quanto fora das organizações – isso para ficarmos apenas no âmbito corporativo.
Na C.N.V tratamos dos sentimentos e das necessidades, atendidas ou não. Sentimentos são mensageiros que falam sobre o nosso nível de satisfação com nossas necessidades. Parece simples, e é. Por que então não temos este embasamento como prática?
Como sugerido acima, esta prática desnuda as limitações e barreiras emocionais de nossa sociedade, do grupo no qual estamos atuando. Ela promove o reconhecimento mútuo, demanda um esforço contínuo de aprendizagem no ouvir atentamente, de abrir mão de julgamentos (ou ao menos identifica-los), de não oferecemos aquilo que nosso interlocutor não precisa. E me parece até natural que esta abordagem seja difícil de ser inserida no modelo de gestão em empresas que não veem valor em criar relações humanas consistentes e verdadeiras. Não é tão evidente a relação de custo x benefício, porém faz parte da miopia que herdamos da Administração Científica, cujo foco é a tarefa.
Ter alta performance, objetivo que vem sendo intensamente explorado, implica em meu entendimento, de abordagens mais humanizadas. Nosso colaborador do futuro, nosso consumidor do futuro – futuro bem próximo – tem este valor presente em suas ações.
Pense nisso, e como você e sua empresa podem ser agentes promotores de ambientes de alta performance.
Grato pela leitura