Circula no ambiente corporativo e social uma onda de desconforto em relação à chamada nova geração, particularmente aqueles nascidos nos anos 90. Frequentemente, estes jovens profissionais são alvo de qualificações e denominações pejorativas, pintados como precursores de uma era de declínio em valores e ética de trabalho. Entretanto, proponho uma reflexão mais profunda sobre esse fenômeno, que, acredito, diz mais sobre nós e a nossa resistência às mudanças do que sobre os supostos “defeitos” desta geração emergente.
A tendência de criticar as novas gerações é tão antiga quanto a própria história. Cada geração enfrenta seus desafios únicos, moldados por um contexto socioeconômico e tecnológico em constante evolução. A geração dos anos 90 cresceu em uma era de transições significativas – a internet, a globalização, e as mudanças climáticas são apenas o começo de uma longa lista. E tudo isso teve inicio nas gerações anteriores, talvez a sua mesmo, caro leitor.
Esses jovens foram educados e influenciados por preceitos que nós mesmos, as gerações anteriores, estabelecemos. Eles são resultado da nossa construção social. Portanto, ao invés de rotulá-los, deveríamos reconhecer a nossa contribuição para a formação de suas perspectivas e competências. As críticas frequentemente apontadas a eles podem muito bem refletir a nossa própria dificuldade de nos adaptarmos a novos modelos sociais e profissionais, mais do que qualquer falha intrínseca (quem não?) dessa geração.
O medo de sermos ultrapassados é humano e compreensível. No entanto, é imperativo que transformemos esse receio em motivação para aprender e crescer junto com os mais jovens. Eles trazem consigo novas habilidades, uma abordagem diferente para a resolução de problemas e uma visão de mundo que pode ser incrivelmente enriquecedora.
Em vez de condenar, devemos abraçar a diversidade geracional. As empresas que reconhecem e valorizam a contribuição única de cada geração estão construindo um ambiente de trabalho mais dinâmico, criativo e inovador. A colaboração entre gerações pode ser uma das ferramentas mais poderosas para enfrentar os desafios contemporâneos.
A nova geração está aqui para somar, para trazer frescor e novas perspectivas. Vamos abrir nossas portas e mentes para o que eles têm a oferecer. Afinal, o futuro é construído juntos – pelas gerações passadas, presentes e futuras.
Lembre-se: na relação criador e criatura, é bem provável que você seja o criador daquilo que hoje condena.
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