Como um humilde professor e eterno aprendiz, observador do meu entorno, e presente a todos os movimentos de nossa sociedade, afirmo categoricamente isso: A educação é sim a base para a construção de uma sociedade melhor. Aquele que aos brados pedimos mas não fazemos por acontecer, aquela em que a voz contrária seja possível, ainda que não concordemos com ela, aquela em que a cidadania seja uma linha mestra de nossos atos diários.
Estamos, do ponto de vista educacional, anos atrasados. Não sou um especialista no tema, mas nem precisa ser. Basta de fato observar o mundo em que vivemos, em especial pelo comportamento coletivo. O comportamento espelha o que pensamos – se é que ainda pensamos. Harari em seu livro “21 lições para o século 21” afirma que já não pensamos mais individualmente, e sim coletivamente. Repetimos um eco. Não nos apoderamos de um pensamento próprio, mais elaborado e genuíno…..para isso é preciso ter um repertório que nos dê não apenas dados e informações, mas sobretudo a habilidade de refletir, de ponderar, de ir e voltar.
Como disse, observo estarrecido os comportamentos cotidianos. Não nos observamos, enquanto sociedade e enquanto indivíduos, pelo menos é o que me parece. Espero estar redondamente enganado. Pego trem e metrô (Em São Paulo), e vejo o reflexo que a falta de cidadania faz no desprezo alheio. Detalhes como ceder o lugar a quem mais precisa, ordenamento na entrada e saída dos vagões, fila para pegar a escada rolante, sempre lotada e por ai vai.
Nossas prioridades são “baixas”. Futebol e nosso umbigo são o centro do mundo, não importa o que mais esteja ao nosso redor, e nem dentro de nós. A miséria impera e não nos damos conta dela. Refiro-me a miséria física mas também – e principalmente – a intelectual, cognitiva. Na realidade, é essa uma das principais causas da escassez dos recursos físicos das pessoas.
O quanto esse cenário se reflete dentro das organizações, nos modelos de gestão e liderança? Se em uma posição em que se tem – normalmente por tempo determinado – certos privilégios, o que entregamos ao mundo? Nosso olhar ainda permanece obtuso, assim como aquele que não cede o lugar a um idoso no trem, porque ele “não faz diferença”, ou porque simplesmente é um “invisível” ?
Quantos invisíveis temos ao nosso lado, qual nosso papel enquanto pertencentes a um extrato social que nos concede verdadeiros privilégios? Qual a nossa “razão social”? Sim, penso que abordagens como por exemplo “E.S.G” possam contribuir para que esse movimento ocorra, ainda que seja por forças externas, por regulamentações de mercado.
Abordo sempre que possível esse tema em minhas mentorias executivas, e percebo essa inquietação não é exclusiva minha, o que me dá certo amparo emocional. Há luz no fim do túnel!
Precisamos nos apoderar de nosso papel como protagonistas da mudança que pretendemos. Sair do discurso e irmos a prática.
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