Você se acha (realmente) inovador?

Na noite de 14 de abril de 1912, o transatlântico Titanic colidiu com um iceberg no Atlântico Norte e afundou duas horas e 40 minutos depois. Dos 2.200 passageiros e tripulação a bordo somente cerca de 700 pessoas sobreviveram, resgatadas em 16 botes pelo Carpathia.

Imagine quantas pessoas mais poderiam ter sobrevivido se os membros da tripulação tivessem pensado no iceberg não como a causa da catástrofe, mas como uma solução para salvar vidas.

O iceberg se elevava acima da superfície da água com cerca de 120 metros de comprimento. Os botes salva-vidas deveriam ter transportado as pessoas para lá́, em busca de uma superfície plana.

O próprio Titanic estava em condições de navegar por mais algum tempo e poderia ter se aproximado do iceberg o suficiente para que as pessoas pudessem alcançá-lo. Já́ havia um precedente para este tipo de resgate: cerca de 60 anos antes, 127 dos 176 passageiros que emigravam da Irlanda para o Canadá se salvaram no golfo do rio São Lourenço escalando um monte de gelo.

É impossível saber se essa tentativa de resgate teria funcionado. No mínimo, é uma ideia instigante — embora extremamente difícil de imaginar. Se você̂ precisasse pedir a um grupo de executivos, até mesmo gestores de produtos criativos e de marketing, para apresentar cenários inovadores em que todos os passageiros do Titanic pudessem ter sido salvos, é muito provável que tivessem a mesma visão limitada da tripulação.

A causa é um viés psicológico comum — chamado fixação funcional — que induz a pessoa a ver um objeto somente da forma como é usado tradicionalmente. No contexto náutico, um iceberg é um perigo a ser evitado. E é muito difícil não encará-lo dessa forma. Quando se trata de inovação, os negócios estão constantemente sujeitos à fixação funcional e a outros vieses cognitivos que levam as pessoas a ignorar as soluções elegantes que saltam à vista.

Texto original de Tony McCa!rey e Jim Pearson, HBR, Dez, 2015

Esta será uma nova série em que o tema inovação será abordado. Espero que goste e que participe. Nos próximos posts, vamos falar sobre algumas ferramentas e formas de aplicação para fomentar a inovação em sua empresa.

Há quanto tempo você e sua empresa olham para o mesmo cenário sob a mesma ótica? Há quanto tempo convivem com as mesmas questões? Há quanto tempo você não lança um produto ou serviço novo?

E por quê?

Vamos discutir isso!