Ano de 2020, e o mundo ficou de ponta cabeça, de uma hora para outra. Vivenciamos conceitos como vulnerabilidade e incerteza. Sentimos a complexidade do mundo, e a importância do papel que o ser humano tem em todos os contextos com os quais nos relacionamos.
A palavra pandemia tem sua origem no grego pandemías. Significa “todo o povo”. Também representada pela junção dos elementos gregos: “pan” (todo, tudo) e “demos” (povo). O que vivemos agora é bastante democrático: Está ai para todo mundo.
Modelos de gestão de certa forma inéditos foram impostos de maneira imediata. É certo que o trabalho remoto não seja uma novidade por si só, mas em muitos segmentos essa ideia não passava nem por perto, porém foi obrigatório aderir a ela. Por outro lado, penso que um dos maiores impactos tenha sido na conexão entre as pessoas, na forma como nos relacionamos, como lideramos e engajamos os indivíduos sem que tenhamos a disposição os “velhos” mecanismos estéticos de liderança e poder, além da mudança “apenas” na modalidade do trabalho, remoto x presencial.
Elementos como tamanho e localização de sala, ter ou não uma secretária, vaga exclusiva na garagem e por aí vai são simbologias (no meu entendimento, antigas) que de certa forma comunicam a estrutura e a cultura formal presentes em uma organização, e dela se desdobram os padrões nos relacionamentos. Não raro executivos se apoiam (ou se apoiavam) nessas simbologias como forma de se protegerem ou mesmo de se distanciarem do “baixo clero”. Com isso, assim como a água, os grupos vão encontrando caminhos e formas de criar e fortalecer vínculos e identificação mútuas. Assim nascem os silos e os comandos paralelos. Assim nasce uma empresa não engajada, não alinhada e com baixa capacidade de resiliência frente aos desafios de agora.
Muito se diz da velocidade das mudanças atualmente. Pouco se fez que não tenha sido provocado pela dor, pela sensação de morte, pela inegável necessidade de sobrevivência. E graças à estas dores caminhamos para tentar descobrir como, além de nos mantermos vivos enquanto empresas, criar novas formas de conduzir as equipes, de falar com nosso mercado consumidor, de entregar-lhes mais valor com base em outra lógica, em que os formalismos vão gradativamente dando espaço à originalidade, humanidade e autenticidade, o que sugere novamente a vulnerabilidade.
É preciso repensar a cultura vigente, trilhar novas formas e descobertas de como iremos conduzir e criar o mundo que pretendemos, de maneira que sejamos menos passageiros e mais protagonistas.
Várias instituições apontam substancial mudança na relação do indivíduo com seu trabalho, que vem sendo cada vez mais autêntico na declaração e busca de seu propósito, responsabilizando-se pela sua auto realização, questionando e definindo seu papel dentro do cenário de mudanças. Questões como protagonismo, individualidade, colaboração, transparência, ética, e todo um conjunto de valores tomam cada dia mais uma importância maior, e que supera os limites até então postos pelas barreiras estruturais das empresas. Tenho a impressão de que o mundo fica cada vez mais transparente, mais próximo de todos, mais humano. E vai pela dor mesmo.
Nosso cenário atual já nos traz alguns indicadores que apontam perspectivas de um futuro para demandas que precisaremos discutir:
. Segundo pesquisa da Bentley University, 77% dos millennials dizem que o horário flexível de trabalho vai permitir que sejam mais produtivos;
. De acordo com a International Workplace Group, 80% dos profissionais de 96 países afirmam que o trabalho flexível aumentou sua produtividade.
E você, o que pensa sobre isso? Qual a visão sua e de sua Empresa? Vamos discutir sobre este e outros temas dentro desta série que chamo de Pessoas ágeis, empresas ágeis. Falaremos sobre gestão, liderança, comunicação e principalmente sobre relacionamentos humanos.
Fontes:
Pesquisa Bentley: https://www.bentley.edu/news/new-survey-reveals-what-millennials-really-think-about-work
Pesquisa International Workplace Group: http://bpcc.org.pl/uploads/ckeditor/attachments/14371/IWG_report.pdf
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