Pessoas ágeis, Empresas ágeis: A função dos valores.

É uma ilusão acreditar que todo poder emana do gestor, ou do líder, do empreendedor, etc. Na construção de uma empresa, dentre os vários desafios (que não são poucos) que lhes são atribuídos, criar um time que desempenhe de forma fluída e satisfatória é talvez o menos observado dentro de uma perspectiva mais aprofundada, como normalmente se faz com processos analíticos, por exemplo.

Talvez você já se pergunte o que quero dizer com “de forma fluida”. A este termo refiro-me à possibilidade de se estabelecer uma relação tal m que os desafios sejam ao mesmo tempo complexos, constantes e na mesma forma possíveis de serem alcançados ou superados, através de colaboração, inovação, empoderamento e acima de tudo, vontade em realizar. Com pouco esforço, obtém-se maiores resultados. E não digo que é sem dificuldade, apenas digo que é algo desejável pelo time. Tema para outro artigo, ok?

Cabe ao líder solidificar e comunicar seus valores, identificar e agregar colaboradores, atuais e futuros, que compartilhem e compreendam esses valores, para que então a coletividade, chamada de time – e não apenas você – construa a empresa, através de suas atitudes, e tendo como direcionador a manutenção e atendimento restrito desses valores.

Valor é algo que determina o que você faria ou não faria, independentemente de quanto dinheiro esteja envolvido. E algo que se sobrepõe a isso, algo que serve como um mantra para a organização, que faz sentido, que da prazer e que garante um posicionamento a longo prazo.

Assim sendo, faz todo sentido pensarmos toda a jornada do colaborador dentro da organização, o que inclui, mas não limita, ao processo de contratação. É muitíssimo comum que as contratações ocorram baseadas em critérios numéricos apenas. Como se diz por ai, “Contrata-se pela habilidade técnica, desliga-se pelo comportamento”.  E é uma grande verdade: Pesquisa de Harvard apontou que 80% do turnover está relacionado a erro de contratação. O índice nacional é da ordem de 36%, ainda alto. A revista Voce S/A afirma que 87% das demissões são por problemas comportamentais (pesquisa com mais de 500 RHs). Indubitavelmente, é um ponto relevante, e que deve ser compreendido.

Espero que até aqui tenha ficado explícito que a liderança tem à sua frente um desafio que talvez historicamente não tenha recebido a devida importância, dado o hábito de nos calcarmos em uma relação de trabalho mais imediata, que nos dê um retorno palpável e de curto prazo. Não nos atemos, via de regra, a dimensão comportamental e de valores. Tomara que este artigo ajude a mudar esta prática!

Se temos então que a construção e a manutenção de um negócio são intimamente dependentes da conduta de nossa equipe, como então criar uma espinha dorsal que permeie toda a Empresa? Obviamente, trata-se de um conjunto de ações, mas aqui cabe destacar justamente o papel e a função dos valores dentro deste desafio, como um grande aliado.

As pessoas movem-se com base em valores, de forma consciente ou não. E a identificação do conjunto de valores é o que dá a possibilidade de construções internas sólidas. É por ele que as pessoas desejam trabalhar em nossa empresa, “vestem a camisa”, é por ele que seus consumidores vão até você, e não em seu concorrente. Valores quando refletidos (necessariamente) pelas práticas diárias são um grande e eficiente espelho, um excelente vendedor e propagador de sua mensagem ao mercado como um todo. E valor é difícil de ser copiado, senão impossível.

Fica o convite para que você que está lendo este artigo reflita sobre o seu negócio e diga:

  • Quais são de fato meus valores?
  • Até que ponto eu os compartilho com meus colaboradores?
  • Qual o grau de identificação que existe entre esse conjunto de valores e o dos meus colaboradores?
  • Em que ele me diferencia, me torna único?
  • O quanto estou fazendo para que eles se mantenham e resistam ao longo dos tempos (em especial os momentos de crise)?
  • Tenho práticas que reflitam sua existência, de forma coerente, ou está todo no Powerpoint estampado na parede da recepção?
  • Dos colaboradores que deixaram minha Empresa, qual teria sido o real motivo?
  • Se sua Empresa não fosse sua, ela seria um “sonho de consumo” para você, tanto como colaborador quanto como consumidor?
    • Porque?
    • Quais evidências você tem?

Existem técnicas e metodologias que nos auxiliam a fazer este levantamento e também na forma de condução de um processo efetivo de consolidação interna. Mas lembre-se: É um processo, portanto demanda de continuidade, dedicação e de entrega.

O tema valores tem forte conexão com a cultura de uma Empresa, tema para outro artigo (o segundo prometido já J )

Por fim, convido você a fazer as reflexões aqui propostas, afinal sua Empresa reflete os SEUS valores.

Espero que muitas dúvidas apareçam para você, isso é um ótimo sinal.

Obrigado por sua leitura!

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