Perfis distintos

Que o mundo está em constante transformação não é nem de longe uma novidade. Espero que para você também não seja. Com tantas mudanças ocorrendo em vários contextos, empresas continuam nascendo, outras morrendo, várias se juntando total ou parcialmente, e com isso o fluxo de profissionais se intensifica, através da constante mudança no mercado de trabalho, apoiada pela lei de oferta e procura.

Oportunidades se abrem, ameaças surgem, novas competências são exigidas impulsionadas não apenas pelo mercado, mas sobretudo pelas necessárias adequações comportamentais aos estilos de gestão. Empresas demandam por profissionais com senso de autonomia ao mesmo tempo que precisam de colaboração, e muitas ainda sofrem com seus modelos antigos de gestão – e de controle. Natural, pois estamos em uma fase de transição intensa.

Novas gerações trazem suas inquietações, novas percepções, desejos e demandas. Isso se aplica tanto para o consumidor quanto para quem trabalha em sua empresa (que as vezes é a mesma pessoa). É inimaginável compararmos as gerações de uma forma em que uma sirva de gabarito para a outra.

É do conflito de idéias que o mundo precisa hoje, mais até do que antes, penso eu. A contraposição de idéias traz novas perspectivas e possibilidades. A inovação, tão desejada e comentada precisa dessa divergência construtiva para que possa ser uma realidade. Para que ela ocorra, evidentemente outros elementos são necessários, o que inclui a cultura organizacional e os modelos de gestão e liderança, que cumprem um papel fundamental para a consolidação de valores que deem sustentação aos inevitáveis e desejados processos de mudança.

Empresas que se fundem, ou mesmo as startups, vivem intensamente essa questão, pois sua cultura encontra-se ainda diluída com a vinda de diversos profissionais de diversas empresas, com diferentes expectativas, experiências e demandas. Há de se criar um ambiente harmônico para que a desconstrução como um processo seja possível, para que por exemplo o ambiente de uma startup, normalmente caracterizado pelo “caos”, encontre respaldo em sua estrutura para que assim funcione adequadamente e responda aos objetivos do negócio e das regras de governança corporativa.

Mas como promover a diversidade de ideias se para tanto é preciso haver certa coesão na estrutura gerencial da organização? Como permitir um lugar ao sol a todos, sem que a canibalização e a criação de silos tenham início?

Penso que o compartilhamento de valores seja o principal elo. É ele quem de certa forma garante a sustentação do elemento-guia da empresa. Esses valores precisam não apenas ser claros, como devem se materializar através das ações, pois é na observação que os grupos consolidam e validam os valores de uma empresa, podendo se conectar a eles, ou não.

Outras práticas são especialmente interessantes: Processos de feedback, projetos que demandem por colaboração, dinâmicas grupais que estimulem a empatia e a ampliação das perspectivas originais de cada indivíduo e sobretudo a forma como a empresa contrata. Ainda contratamos pela competência técnica e deixamos para ver os elementos comportamentais lá na frente.  Pode ser tarde.

Entretanto, se sua empresa vive este momento, não vejo que seja o fim de fato. Promova um ambiente em que haja espaço e principalmente respeito para a manifestação do individuo com o grupo, pois percepções e pré-conceitos poderão ruir, abrindo espaço para uma nova identificação do outro e com isso novas conexões e vínculos.

Mudança exige com que todos os integrantes tenham interesse real em promove-la. Parece óbvio, mas este é um processo em que o determinismo deve ceder espaço para o coletivo. De nada adianta querer uma mudança desde que obedeça aos critérios e desejos de um único participante ou grupo. A liderança tem papel fundamental para arquitetar um senso comum, pois esta pode ser uma excelente oportunidade para firmar os valores da empresa, calcados no respeito, diversidade, inclusão e protagonismo.

Obrigado pela leitura!

Veja mais em https://robertocarvalho.net/competencia-e-habilidades-do-futuro-segundo-o-wec/

Este post tem 3 comentários

  1. Rui

    Roberto, bom dia. Mais uma vez, obrigado pelo texto. Essa semana recebi uma mensagem com a foto de um outdoor instalado na Praça do Comércio de Lisboa, intitulada, “Aos Indiferentes”, e acredito que ela traga uma outra visão sobre as diferenças e que poderá complementar o seu texto, com uma outra visão.
    Resumidamenta ela diz que, para evoluirmos e salvarmos o mundo precisamos, “até e principalmente”, dos indiferentes.
    Forte abraço!
    Rui

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