Este rapaz ai da foto chama-se Aristóteles, e é considerado o pai da lógica. Longe de mim discorrer sobre seu conhecimento e princípios, mas vou fazer uso do meu atrevimento para este breve texto, sob a luz dos modelos de gestão, principalmente de pessoas nas organizações.
Uma das abordagens de Aristóteles é o silogismo, que preconiza uma necessária estrutura para um pensamento lógico, que é a existência obrigatória de três proposições, das quais duas são as premissas e uma é a conclusão.
Silogismo possui ainda três características: é mediado, dedutivo e necessário.
Por exemplo:
. Todo vendedor é mentiroso. Carlos é vendedor. Logo, Carlos é mentiroso. Premissa maior: Todo vendedor é mentiroso. …
. Crianças são legais. Letícia é uma criança. Logo, Letícia é legal.
Como dito antes, estou longe, mas muito longe de ser conhecedor dos conceitos de Aristóteles, e novamente peço desculpas pelo meu atrevimento, mas faço aqui uma analogia com os formatos de interação dentro das organizações, em que se misturam um incontável número de variáveis que compõem o ecossistema.
Quando reunidos em grupos, e em negociações ou argumentações para tomada de decisão, ou ainda para o desenho de um cenário, como um planejamento estratégico, esses elementos entram em cena resultando no direcionamento final que pode ser de manutenção, exclusão ou inovação do tema em pauta, seja ele qual for.
Quando se trata de elementos essencialmente lógicos, atrelados à tarefa, a coisa fica simples pois nessa camada o certo ou o errado são normalmente palpáveis e evidentes. O mesmo não se aplica quando tratamos de conceitos, de visões futuras, de avaliações e percepções do aqui e agora, (outro conceito, preconizado pela Gestalt).
Para trazer mais para perto, em processos de discussão grupal, como por exemplo definir o futuro de uma empresa, de questionar a própria empresa, suas dores e dissabores internos, esses elementos vem à tona e tornam-se protagonistas do cenário, tomando o lugar da efetiva legitimidade daquilo que se faz presente no grupo. O uso da lógica nesse caso esconde os elementos propostos por Aristóteles, mas por outro lado evidenciam o repertório do qual as argumentações surgiram. Alia-se a estrutura de poder e temos uma relação de comando e controle, no qual nos tornamos “cegos” ou “surdos” diante daquilo que por vezes parece ser óbvio (não necessariamente adequado ou coerente), e que desta forma deixamos de lado as percepções, necessidades e expectativas daqueles que dão sustentação a operação de qualquer empresa, que é o ser humano.
Assim sendo, novamente chamo a atenção para o autoconhecimento como ponto principal para o ajuste necessário das abordagens de liderança em tempos de grandes e constantes mudanças.
Esse momento ao qual me refiro demanda de uma mudança substancial da visão “arcaica” que ainda se mostra evidente nas organizações, pois pede que ampliemos a forma de olhar uma Empresa, visto que sua complexidade traz um dinamismo difícil de ser compreendido e mais ainda, gerenciado. Não se faz mais por linearidade, e sim por agrupamentos e adaptabilidade constantes.
Aprendi (e continuo aprendendo) que as organizações são estruturadas em quatro camadas, cujas principais características são mostradas no quadro abaixo:
Muito comum vermos a gestão atuando nas dimensões inferiores (não menos importantes), deixando por consequência em segundo plano os temas menos palpáveis. Evidentemente, nessas camadas inferiores a lógica é mais palpável, e se nos agarramos unicamente a ela, crio uma hipótese de ser de fato um mecanismo de proteção.
Seguindo Aristóteles, se a pauta reside nas camadas superiores, não faz sentido adotarmos uma abordagem que enfatize questões de ordem prática. (*)
1. A questão e o ambiente demandam por reflexões amplas, inovadoras e provocativas;
2. Oferece-se objetividade na abordagem, encurtamos o tempo de discussão;
3. Logo, não se fala a mesma língua e não se está coerente com a demanda presente. Insucesso.
(*) Adaptação minha 😊
Agradeço a leitura!
Veja mais em https://robertocarvalho.net/b-a-n-i-ou-v-u-c-a/
#mentoria
#gestão
Leitura foi ótima, mas deveríamos debater sobre os blogs. Nao da para fazer uma mesa redonda com 5 debatedores e as demais pessoas ouvindo? Roda viva ou Manhattan Connection?
Claro!! Para mim uma enorme honra! Bora marcar!