Essa coisa que a gente vê por aí em abundância me parece ser a expressão de uma preguiça mental, que nos impulsiona a repetirmos chavões sem nos darmos ao trabalho de antes triturar um pouco as palavras. Coisas do mundo moderno, estético na narrativa, mas raso no firmamento. Fica aqui o convite para pensar se você, caro leitor, não está caindo nessa.
É claro que a gente se trabalhar, aprimorar e desenvolver as nossas habilidades específicas, nosso conhecimento e as ditas competências socioemocionais é importante, mas isso não quer dizer que exista uma coisa como a nossa melhor versão, ainda mais quando usamos um gabarito para isso.
Toda e qualquer manifestação do indivíduo é a expressão do seu melhor. Pode não ser apropriado em alguns momentos, mas é o que o indivíduo tinha naquele momento. É, portanto, circunstancial. Essa coisa de inteligência emocional está sendo discutida (e até imposta) de forma extremamente abrangente, superficial e sem muitos critérios, penso eu. Impõe à sociedade um padrão de comportamento adequado, irrepreensível, exemplar e padronizado. É quase que um combo do McDonald’s: Você não precisa saber exatamente o que tem lá dentro, só precisa saber falar um, dois ou três…… fica mais simples assim.
E isso acaba por permear os modelos de gestão. Parte-se do princípio de que o lugar dentro da estrutura organizacional garanta essa tal de “inteligência” emocional. Bobagem. Espera-se por isso sem que tenhamos qualquer trabalho ou dedicação na construção de um bem-estar alheio. Fica mais simples assim, afinal, continuamos com a prática da cobrança: “Você precisa desenvolver sua inteligência emocional” diriam os mais moderninhos.
Se você já presenciou uma crise de choro em uma empresa, por exemplo…..procure se lembrar de como foi sua atitude, sua reação e sentimentos gerados, assim como a dos demais. Em algum momento isso lhe pareceu inapropriado? Deu dó?
Ou então pense em algum momento que você tenha “perdido o controle” e gritou, chorou, xingou e fez tudo mais que transgredisse a ordem local vigente. Você podia ter naquele momento um pouco mais de inteligência emocional, só que não. Aquele momento deu a você a oportunidade de ser genuíno. Aquilo é você, e é sim o seu melhor. Você fez uso do que tinha em seu repertório, e pronto. Simples assim, afinal nossa construção é contínua, e em tempos como o que estamos vivendo isso nunca foi tão presente e verdadeiro.
Dentre os estímulos atuais, que são inúmeros, temos a diversidade em pauta. Como lidar, promover, incentivar e acolher diversidade quando temos de um lado o discurso acolhedor e de outro um padrão comportamental a ser seguido? Parece-me uma obrigatoriedade que se contrapõe ao discurso, ficando confuso, para não dizer incoerente.
É claro que existem os “senãos” e as exceções, mas vale a reflexão e novamente o convite para que você que é líder reflita se não está sendo papagaio de pirata. Vale a pena, seja você mesmo.
Fica mais simples assim