Layoffs secretos: Nem tudo é o que parece ser.

Como tenho a oportunidade de acompanhar os movimentos do mercado e obviamente das empresas, e sem estar efetivamente nelas (sou profissional autônomo), tenho o privilégio de poder olhar “de cima” e “de dentro” do ecossistema.

Assim sendo, vejo que algumas empresas estão sim praticando o layoff, mas de uma forma digamos, contraditória a muitos dos seus mandamentos, ou de seus pronunciamentos.

Usam de instrumentos consagrados como alavancas que justifiquem o desligamento das pessoas, como por exemplo o feedback. Já escrevi sobre ele e suas armadilhas em outro artigo (veja em https://robertocarvalho.net/feedback-o-que-nao-lhe-e-dito/ ) Essa prática me preocupa por uma série de motivos:

  1. O distanciamento, já citado acima, entre prática e discurso;
  2. O caráter pessoal existente nas relações. Isso é óbvio, mas de certa forma refutado nas “metodologias” que se baseiam em “ferramentas analíticas”, ao mesmo tempo que promovem o engajamento e a conexão humana. Fico confuso….
  3. A efetiva falta de clareza, objetividade e transparência.
  4. Se isso acontece dentro de casa……..como será que nós, consumidores, somos observados e tratados? O quanto de confiança podemos ter nessa marca ou produto?
  5. Os belos discursos de marketing são realmente sedutores, em especial para todos nós que consumimos qualquer coisa que “pareça” bom, legal, aceito por A ou B, pronto para consumo. Me dá a impressão de que não precisamos pensar, nem mesmo em nós.
  6. A imagem que nos é oferecida para consumo é como os posts das redes sociais: Perfeitos, belos, sedutores, e que criam um enorme desejo de consumo. Não importa o que está por trás.
  7. O esgotamento provocado nas pessoas que convivem nesses ambientes, que querendo ou não acabam se tornando extremamente tóxicos, com casos de burnout sendo cada vez mais evidentes e frequentes. Conforme breve pesquisa no Chatgpt, temos:
    1. O burnout tem sido cada vez mais reconhecido como um problema no Brasil nos últimos anos. O burnout é um tipo de estresse crônico relacionado ao trabalho que resulta em exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal. Esse problema pode afetar significativamente a saúde mental e física das pessoas e impactar negativamente sua vida profissional e pessoal.

De acordo com uma pesquisa realizada pela International Stress Management Association (ISMA-BR) em parceria com a empresa de consultoria especializada em saúde e qualidade de vida empresarial, a Sodexo, em 2019, cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem de burnout. Outro estudo realizado pela International Stress Management Association (ISMA-BR) em parceria com a International Stress Management Association (ISMA) em 2021 mostrou que o índice de estresse no trabalho aumentou 80% no Brasil em relação ao ano anterior, principalmente devido à pandemia de COVID-19.

A crítica que humildemente trago aqui é o quanto trazemos de verdade em tudo o que fazemos. Com a gente, com o outro, com tudo e todos que nos rodeiam. A verdade precisa estar presente não apenas nas campanhas de marketing, mas nas relações, dentro e fora das organizações. Imagino que não seja um privilégio meu a percepção dessa desconexão, mas que em certa medida tudo é percebido por todos, mas sem espaços para manifestações contrárias, já que em algumas culturas organizacionais “ser contrário” indica um problema de “fit cultural”, e assim volta-se para o item 2, acima.

Obrigado pela leitura!

P.S.: A imagem acima é uma montagem, claro.

Veja mais em https://robertocarvalho.net/layoff-e-para-voce-tambem/

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