Como tenho a oportunidade de acompanhar os movimentos do mercado e obviamente das empresas, e sem estar efetivamente nelas (sou profissional autônomo), tenho o privilégio de poder olhar “de cima” e “de dentro” do ecossistema.
Assim sendo, vejo que algumas empresas estão sim praticando o layoff, mas de uma forma digamos, contraditória a muitos dos seus mandamentos, ou de seus pronunciamentos.
Usam de instrumentos consagrados como alavancas que justifiquem o desligamento das pessoas, como por exemplo o feedback. Já escrevi sobre ele e suas armadilhas em outro artigo (veja em https://robertocarvalho.net/feedback-o-que-nao-lhe-e-dito/ ) Essa prática me preocupa por uma série de motivos:
- O distanciamento, já citado acima, entre prática e discurso;
- O caráter pessoal existente nas relações. Isso é óbvio, mas de certa forma refutado nas “metodologias” que se baseiam em “ferramentas analíticas”, ao mesmo tempo que promovem o engajamento e a conexão humana. Fico confuso….
- A efetiva falta de clareza, objetividade e transparência.
- Se isso acontece dentro de casa……..como será que nós, consumidores, somos observados e tratados? O quanto de confiança podemos ter nessa marca ou produto?
- Os belos discursos de marketing são realmente sedutores, em especial para todos nós que consumimos qualquer coisa que “pareça” bom, legal, aceito por A ou B, pronto para consumo. Me dá a impressão de que não precisamos pensar, nem mesmo em nós.
- A imagem que nos é oferecida para consumo é como os posts das redes sociais: Perfeitos, belos, sedutores, e que criam um enorme desejo de consumo. Não importa o que está por trás.
- O esgotamento provocado nas pessoas que convivem nesses ambientes, que querendo ou não acabam se tornando extremamente tóxicos, com casos de burnout sendo cada vez mais evidentes e frequentes. Conforme breve pesquisa no Chatgpt, temos:
- O burnout tem sido cada vez mais reconhecido como um problema no Brasil nos últimos anos. O burnout é um tipo de estresse crônico relacionado ao trabalho que resulta em exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal. Esse problema pode afetar significativamente a saúde mental e física das pessoas e impactar negativamente sua vida profissional e pessoal.
De acordo com uma pesquisa realizada pela International Stress Management Association (ISMA-BR) em parceria com a empresa de consultoria especializada em saúde e qualidade de vida empresarial, a Sodexo, em 2019, cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem de burnout. Outro estudo realizado pela International Stress Management Association (ISMA-BR) em parceria com a International Stress Management Association (ISMA) em 2021 mostrou que o índice de estresse no trabalho aumentou 80% no Brasil em relação ao ano anterior, principalmente devido à pandemia de COVID-19.
A crítica que humildemente trago aqui é o quanto trazemos de verdade em tudo o que fazemos. Com a gente, com o outro, com tudo e todos que nos rodeiam. A verdade precisa estar presente não apenas nas campanhas de marketing, mas nas relações, dentro e fora das organizações. Imagino que não seja um privilégio meu a percepção dessa desconexão, mas que em certa medida tudo é percebido por todos, mas sem espaços para manifestações contrárias, já que em algumas culturas organizacionais “ser contrário” indica um problema de “fit cultural”, e assim volta-se para o item 2, acima.
Obrigado pela leitura!
P.S.: A imagem acima é uma montagem, claro.
Veja mais em https://robertocarvalho.net/layoff-e-para-voce-tambem/