Diversidade tem sido, felizmente, pauta das empresas brasileiras. Impulsionadas principalmente pela força do mercado e por abordagens como E.S.G, vem ganhando espaço nas agendas executivas, e encontrando muitas barreiras, dificuldades e uma compreensão distante do tema, ainda que ele esteja presente há décadas.
Natural, afinal no fluxo da evolução da sociedade como um todo, vamos num caminhar que nos possibilita conviver com o que denominados “diferentes”, “minorias” ou qualquer outro adjetivo menos honroso. Praticamente nunca nos ativemos a essa temática, e agora vimos que pouco sabemos dela, por mais exposta que ela sempre estivesse, porém aos nossos olhos cerrados.
Essa perspectiva demanda, obrigatoriamente, a revisitarmos um conjunto de valores e princípios incrustados em nosso repertório, conjunto esse que dá as mãos aos seus alicerces morais, religiosos, culturais, geográficos, familiares, etc. Não é uma tarefa fácil para ninguém esse exercício. Ele demanda, além da flexibilização cognitiva, a genuína intenção de sairmos de nossos calabouços e darmos uma chance a nós mesmos, a nossa sociedade e porque não dizer, a humanidade.
É preciso contemplar aquilo que por tanto tempo nos foi motivo de desprezo e de repugnância. Fazer uma analogia que seja individual e não coletiva. Ao ler o excelente livro de Yuval Harari, o 21 lições para o século 21, chamou-me a atenção para uma observação e apontamento dele, em que diz que a humanidade parou de pensar autonomamente, e sim coletivamente. Eu chamo isso de efeito dominó, ou efeito manada. Seguimos uma voz corrente, sem ao menos nos darmos ao trabalho de questiona-la.
Transfiro esse breve relato para o cenário político que estamos vivendo. Noto amizades sendo desfeitas, familiares rompendo suas conexões, brigas (de fato), retaliações e um efeito manada impressionante, que cega a tudo e a todos. Não sabemos argumentar, talvez? Reflexo de uma educação pobre? Resquício de uma pseudo-soberania de uma determinada classe social, que por tanto tempo se beneficiou do isolamento e da unicidade de opiniões?
Perdemos, enquanto sociedade, a excelente oportunidade de argumentarmos sobre temas relevantes que nos impactarão diretamente, o que inclui nossa família e todos aqueles que um dia nos distanciamos, pela única razão de não sabermos nos comunicar adequadamente, pela nossa falta de empatia e pela obsessão pela razão e poder.
Vamos todos votar com nossa própria consciência. Não precisamos de uma regulamentação para isso, assim como no mundo corporativo.
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Obrigado pela leitura.