Penso ser necessário estabelecermos uma primeira linha de corte aqui. Quando pensamos em liderança, seja quando olhamos para o nosso modelo de liderança, seja quando olhamos para o(s) líder(es) de nossa organização, temos um ideal a respeito desta nomenclatura.
Fazemos uma ideia do que seja ser “um bom líder”. Não raro, é aquele com traços mais autoritários, aquele que “faz acontecer”, em outros momentos, é aquele que motiva e desenvolve uma equipe, uma empresa, que cria ambientes auto gerenciáveis, auto sustentáveis.
A linha de corte que proponho aqui é o critério adotado na decisão de nomear um individuo para uma posição de liderança. O que nos motiva, qual a expectativa? Alguém que dê sequencia a um roteiro de forma exemplar, que repita nossas palavras, que faça aquilo que não conseguimos fazer, ou aquele que traga novas possibilidades, visões e inovações? Veja bem, não classifico entre bom ou ruim, apenas diferencio essas duas visões básicas, que chamo de linha de corte.
Defronto-me com lideres que estão lá para fazer com que as palavras de seu gestor, diretor ou do dono da Empresa sejam fielmente repetidas e portanto seguidas, mesmo que elas não encontrem concordância com o portador da mensagem. A forma de se transmitir valores pode trazer inúmeras variações, possibilidades, nem todas eficazes, talvez….
Penso que o novo paradigma de liderança exige profissionais guiados e orientados por valores e cultura, que olhem para o equilíbrio de todas as partes envolvidas.
Mas ele precisa poder fazer isso. Delegar, comungar, comunicar, ceder, aprender, reaprender, colaborar, capacitar, (re) criar, testar, tentar e errar faz parte do desafio. Se não trilharmos minimamente por este caminho, creio ser bem mais difícil criamos um ambiente propicio a mudança. A menos claro que não seja esse nosso desejo. E é por isso que precisamos pensar no conceito do “bom líder”.
Este perfil deve estar acoplado a missão, valores e visão da Empresa. São eles, os líderes, que se constituem nos meios de transmissão e de alcance desses objetivos, são eles o fio condutor para que toda a comunidade esteja (ou busque) alinhada com o conjunto de valores da organização. Quanto maior for sua pluralidade e diversidade, mais rica ela poderá se tornar. A base para a liderança moderna está (também, mas não exclusivamente) na capacidade de lidarmos com conceitos novos, e fundamentalmente com valores, o alicerce para toda mudança que seja sustentável e longínqua.
Os líderes devem encontrar e comungar de um propósito e de um forte conjunto de valores que sirvam de base para decisões de longo prazo, mesmo considerando o tal do mundo V.U.C.A.
Cabe a eles a buscar o meio termo, a sinergia, entre os valores ditos comuns (portanto uma manifestação explícita ou não de um desejo) e aquilo que surge dentro dos ambientes mutáveis e não previsíveis, oriundo das manifestações do indivíduo, que se expressa na coletividade.
Este é um cenário desafiador, e que demanda de uma forte revisão do que queremos e do quanto estamos dispostos a nos tornar parte da mudança desejada. Sem isso, estamos alimentando e criando o que condenamos: Repetidores de um modelo que até então pareceu não dar muito certo (caso contrário voce não contrataria um líder).
Óbvio que este texto faz referencia a um recorte de observação. Ele não é a única possibilidade, senão uma hipótese com base em observações mundo afora. Outros cenários são igualmente possíveis, e novamente reforço não haver qualquer tipo de qualificação do modelo que voce, caro leitor, tenha por ventura adotado até então. Isso cabe a voce e ao seu time.
Lembre-se: Mudar custa energia, incomoda e nos desafia.
“Líderes devem parar de procurar ser os melhores do mundo e começar a procurar ser o melhor para o mundo.”